Olá, distinto público.

Se quero sua atenção, é de bom-tom que lhe apresente minhas credenciais. Ocorre que não tenho credenciais que se apresentem.

Nascimentos são incidentes geográficos e temporais. Eu podia ter nascido visigodo, Romanov, inquilino de gulag, colega de quarto do Sartre, mas nasci em Jacareí, interior de SP, cidade conhecida por fazer fronteira com a mais conhecida São José dos campos.

Nasci e permaneci. A tendência ao sedentarismo me inspirou a ficar. Aqui estou e aqui você me encontra.

Minha odisseia nesta terra começou em abril de 1980 e terminará quando eu não estiver mais aqui. No epitáfio, escrevam: “Continue assim”.

Prometo continuar.

Nesse ínterim, entre o glorioso 6 de abril aos dias de hoje, li e escrevi.

Escritores costumam lutar contra a página em branco. Desisti de lutar contra a página em branco do meu currículo. Deixei branco sobre branco.

Não tenho medalhas, diplomas, distintivos, carteiras, filiações. Marxista convicto, acredito que Groucho tem mais a dizer sobre a natureza humana que mil alemães em assembleia.

Me aceitei como Deus aparentemente quis: um escritor sem profissão determinada, um piadista sem público-alvo, um anarquista sem coquetel-molotov.

Dos poucos títulos conquistados, comemoro o que me foi concedido pelo governo Bolsonaro.

Em 2020, o jornalista Rubens Valente soube de um dossiê em que constavam nomes de apoiadores e detratores.

Lá estou eu: Detrator número 20.

20) Gustavo Nogy Perfil Escritor (Colunista do Gazeta do Povo) Histórico Profissional Escritor Autor do livro “Saudades dos cigarros que nunca fumarei” Colunista no portal Gazeta do Povo Posicionamento e assuntos sensíveis relacionados Antagoniza o governo Bolsonaro Crítico ao ministro Paulo Guedes, afirma que ele não terminará o mandato Em artigo para a Gazeta do Povo, afirmou que o ministro Guedes desconhece o país e seus desajustes históricos, além de não se importar com essas questões Criticou a proposta do ministro de ter uma moeda comum entre Brasil e Argentina Recomendações de ação de relacionamento e de distribuição de informação personalizada Monitoramento pre… – Veja mais em https://noticias.uol.com.br/colunas/rubens-valente/2020/12/01/lista-monitoramento-redes-sociais-governo-bolsonaro.htm?cmpid=copiaecola

Minha mãezinha, morta há nove anos, ficaria orgulhosa. Brigaria comigo, mas brigaria orgulhosa.

Publiquei um livro de ensaios e crônicas, em 2017, pela editora Record: Saudades dos cigarros que nunca fumarei. Pode ser encontrado nas melhores livrarias, se livrarias ainda puderem ser encontradas.

Além dessa invejável produção bibliográfica, escrevi dezenas de colunas sobre política, cultura, literatura, cinema e futebol. Estão por aí.

Resumidamente, um currículo bastante resumido.

Seja bem-vindo a esse conciso inventário de inconclusões e irrelevâncias.

Prometo decepcionar.

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