em Copa do Mundo

Diário (bem à distância) do Qatar #01

A cerimônia de abertura da Copa do Mundo foi linda de morrer! Principalmente de morrer: consta que o número de trabalhadores mortos (descontados os tão somente mutilados) na construção da infraestrutura superou a marca de todos os torneios anteriores, mais duas guerras mundiais e um fim de semana em Belford Roxo. Os números obviamente divergem, mas os qatarinenses, minto, os qatarenses não têm sido muito amigos da divergência. Deixemos que os números enterrem seus números. Seja como for, o discurso foi provavelmente a maior peça de ficção da história dos povos árabes desde As Mil e Uma Noites. Morgan Freeman, a Sherazade da consciência racial fofinha, apareceu para abrilhantar a festa, o que deixou toda a mensagem ainda mais verossímil. Mas vamos ao que importa: o jogo. Houve certo acontecimento, as câmeras registraram movimentos estranhos, mas até agora nenhuma autoridade soube identificar que tipo de esporte foi praticado no escaldante gramado do oriente. Corre a lenda que Enner Valencia, useiro e vezeiro doutras presepadas (favor pesquisar), teria sido o responsável pelos dois tentos de sua seleção, o Equador, contra a seleção do Qatar, que promete não retaliar com dois atentados. Foi, de todo modo, um jeito bom de começar a ver a Copa: quem andou assistindo à jornada do Vasco da Gama da segunda à primeira divisão não sofreu com os efeitos de uma súbita descompressão. Quase a mesma coisa.

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