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Diário (bem à distância) do Qatar #02

No primeiro jogo do dia, os ingleses se ajoelharam (não, não foram os franceses; foram os ingleses mesmo) em protesto antes de a bola e as cabeças rolarem. Dona FIFA tem reprovado esse tipo de atitude, e promete punir seleções que vestirem a braçadeira contra a homofobia. Dirigentes são ciumentos, vocês sabem, e não querem que ninguém mais se ajoelhe a não ser eles. Já os bravos iranianos não cantaram o hino de seu país, manifestando revolta pela morte de uma jovem sob custódia da polícia moral. Sim, polícia “moral” – lá como cá, Damares há. No que se refere ao futebol, foi bonito o treino coletivo da Inglaterra contra o time do Irã: 6 a 2 (e podia ter sido mais). A Inglaterra parece que é tudo isso mas termina sendo apenas isso. Veremos se dessa vez contrariam minhas expectativas e quebram o encanto. Harry Kane, embora seja tão pé-frio quanto seu conterrâneo Mick Jagger, é um dos grandes atacantes-construtores do futebol. Em seguida, Holanda e Senegal fizeram um jogo chato, mais de erros que de acertos, e resultado enganoso. Depois de um 1º tempo equilibrado, com ligeira superioridade tática dos holandeses, na 2ª parte os senegaleses jogaram mais, arriscaram mais, mereceram mais. Mas esse esporte é mais injusto que o judiciário brasileiro: 2 a 0 pra Holanda (e podia ter sido menos). Triste ver o craque (dentro e, principalmente, fora de campo; pesquisem) Sadio Mané assistir à Copa das cadeiras. Pior para a Copa. Não vi EUA 1 x País de Gales 1, (segundo um amigo: “legalzinho, bem disputado”) porque os atentados terroristas (tem outro nome?) em solo brasileiro, provocados pela milícia bolsonarista, pareciam mais interessantes. Pelo jeito, nossas autoridades estão ocupadas assistindo ao mundial. A desordem pública pode esperar.

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