em Brasil, futebol

Diário (bem à distância) do Qatar #05

A Suíça fez 1 a 0 em Camarões, Uruguai e Coreia do Sul empataram sem gols e Cristiano Ronaldo bateu mais um recorde (pênalti inexistente) na vitória de Portugal por 3 a 2 contra Gana – e isso é tudo o que você precisa saber sobre os jogos que antecederam Brasil x Sérvia. Tite recuou Paquetá para jogar ao lado de Casemiro (jogador histórico) e acomodar os cinco talentos ofensivos: Neymar como “falso 10”, Raphinha aberto na direita, Vini Jr na esquerda e Richarlison flutuando. Em coletiva, Stojković, o treinador da Sérvia, ironizava: “E quem vai defender lá atrás?”. Não precisou que ninguém defendesse “lá atrás”, porque o Brasil defendeu lá na frente, combateu com bravura e controlou o tempo e o espaço desde o início. Na primeira etapa, o fôlego dos sérvios garantiu o empate. Todos eles atrás da linha da bola, sem ameaçar francamente o gol, salvo em duas ou três estocadas que pifaram antes de chegar à nossa área. A tendência seria que no segundo tempo cansassem e nossos atacantes fizessem dos centímetros, metros, e dos metros, latifúndios. Foi o que se deu: 2 a 0 e um treino de ataque contra defesa. Vejam: A Sérvia é um time forte (física, tática e tecnicamente). Mas o ótimo grupo de Tite precisou entender e desgastar o adversário para finalizá-lo sem grande dificuldade na segunda etapa. Destacar Richarlison é truísmo. Vini Jr à esquerda, Raphinha à direita, mesmo com eventuais erros técnicos, esticaram os oponentes para os lados do campo, para que no meio sobrassem espaços. Nem todos brilharam igualmente, é óbvio, mas faço questão de destacar Neymar. Quando, noutros momentos, jogou mais para si que para o time, foi criticado. Quando, neste momento, joga mais para o time que para si, é criticado. Seja por suas opiniões políticas, que pouco importam, seja por seu comportamento, que pouco deveria importar, o fato é que, em campo, é um dos grandes jogadores dos últimos trinta, quarenta anos. Já o critiquei e, por isso mesmo, fico muito feliz de poder elogiá-lo sem reservas. Espero que sua contusão não seja grave e que ele se reconcilie com seus críticos (alguns, justos; outros, nem tanto) até o final – e à final – da Copa do Mundo. O Brasil é favorito.

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