em Copa do Mundo, futebol

Diário (bem à distância) do Qatar #14

Foi preciso que Messi saísse da direita para o meio e batesse de chapa, com precisão de entomologista, para que a Argentina começasse a resolver um jogo que já começava a ficar irresolvido. O time australiano aproximou suas linhas, induziu o adversário a jogar pelo meio e, até os trinta e poucos do 1º tempo, futebol nenhum havia sido jogado. Foi quando Messi fez o que fez outras mil vezes. Na etapa final, Julian Álvarez aproveitou a bobagem entre zagueiros e goleiro e marcou o segundo gol. Fim de jogo? Teria sido, se os companheiros de Messi, que estava inspirado, fossem mais Messi que os companheiros de Messi. Oportunidades perdidas se transformaram em oportunidades aproveitadas: um chute do australiano Craig Goodwin, que chegaria a Camberra, fez escala nas costas de Enzo Fernández e pousou no fundo do gol. Sobrenatural de Almeida entrava em campo. Daí em diante, futebol virou pingue-pongue, e ataques e contra-ataques se sucediam sem padrão muito determinado. No último lance, na última bola, no último suspiro, o garoto Kuol chutou para defesa de Emiliano Martínez. O apito final foi ouvido com mais reverência que o hino argentino. Recado da bola: ou os argentinos jogam o que podem jogar, ou cairão diante do cada vez melhor time de Louis van Gaal. A laranja não é mecânica, mas a tradição existe. O primeiro dos três gols foi uma pequena obra-prima: de uma saída de bola sob muita pressão, em que Frenkie de Jong precisou driblar duas vezes dentro da sua própria área, a jogada prosseguiu de pé em pé, sem interrupção, com cerca de vinte passes, até chegar em Memphis (que não quer ser chamado de Depay) e dele pro gol. Em nenhum momento os EUA assustaram a Holanda, que enfrentará a Argentina com mais respeito do que medo. Jogão.

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