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Diário (bem à distância) do Qatar #19

Eu poderia dizer que Portugal e Inglaterra, contra Marrocos e França, “pipocaram”. Não suportaram a pressão e, na hora agá, entregaram o ouro da vaga. Mas isso seria simplificar um jogo complexo, em que as variáveis são muitas, já ninguém é bobo e a periferia quer experimentar o centro. Em mais uma surpresa numa Copa de tantas surpresas, os portugueses, que haviam feito a melhor apresentação das eliminatórias, enfiando 6 na (reconheça-se a vocação) burocrática Suíça, pareciam enredados na trama bem urdida por Marrocos, sistema defensivo mais eficiente do torneio. Foi um jogo em que nada aconteceu além do gol (o goleiro caçou borboleta) e era exatamente isso o que os africanos queriam. Nem a entrada do quase aposentado Cristiano Ronaldo serviu para alguma coisa. Os descobridores ficaram a ver caravelas e os marroquinos vão tocar fogo na, minto, vão enfrentar a favorita França, que jogou somente um tempo como favorita. Na segunda parte, a Inglaterra dominou as ações, insistiu, teve pênalti não marcado a seu favor, teve pênalti marcado e convertido e, por fim, teve pênalti marcado e não convertido. Lloris se instalou na mente de Harry Kane como o Baidu se instala em computador de avô. O craque inglês teve a chance de levar seu time à prorrogação e prorrogar o sofrimento, mas chutou a dois quilômetros e meio acima da meta. França classificada. Inglaterra aliviada. Sim, eu poderia dizer que Portugal e Inglaterra, contra Marrocos e França, “pipocaram”. Não suportaram a pressão e, na hora agá, entregaram o ouro da vaga. Mas isso seria simplificar um jogo complexo, em que as variáveis são muitas, já ninguém é bobo e a periferia quer experimentar o centro. Isso tudo é verdade. Mas também é verdade simplesmente dizer: QUE PIPOCADA, HEIN?

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