em Copa do Mundo, futebol

Diário (bem à distância) do Qatar #21

Um das grandes histórias da Copa chegou ao fim: Marrocos perdeu de 2 a 0 para a França, que está na final. Desta vez, os deuses do futebol não estavam loucos. Mas o jogo foi diferente do que se esperava. Os africanos (árabes, muçulmanos, naturalizados, colonizados, descolonizados, oprimidos, opressores, por favor, escolha o que convier à sua preferência geopolítica) jogaram mais que os europeus. Impuseram-se na zona entre as duas intermediárias e chegaram várias vezes à meta do excelente Lloris. Pecaram no capricho. Pentearam demais antes de finalizar. Tiveram um pênalti não marcado, aliás, que o soprador do apito converteu num amarelo para o marroquino. Árbitros estrangeiros têm andado com más – leia-se: brasileiras – companhias. Os gols saíram em duas jogadas parecidas: Mbappé arranca, dribla, chuta, a bola sobra e alguém empurra para o gol. Eu disse que Marrocos jogou melhor, e reafirmo, mas é também verdade que a França equilibrou com a entrada de Thuram, que preencheu espaços e arrefeceu o ímpeto rival. Quem, a propósito, tem preenchido todos os espaços é Antoine Griezmann, um craque funcional: cria, ataca, defende, ocupa, abre, fecha, recua, avança, passa, recebe. Se a França for campeã, o título de melhor do torneio deveria ser dele. Mas não acredito que será, porque acredito no título da Argentina. Palpite? Palpite que tem Messi como fiador. Por fim, que Marrocos supere a Croácia e conquiste um histórico e merecido terceiro lugar. Que Boufal dance mais uma vez com sua mãe: primeiro, porque dançar não é pecado. Segundo, porque nossa tristeza não deve ofuscar a alegria dos outros.

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