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É errando que se aprende a errar

O preparadíssimo ex-juiz, ex-ministro, ex-consultor e provável ex-derrotado Sérgio Moro tem feito o que pode para acionar os motores de seu teco-teco eleitoral.

Não sou dado a previsões de conjuntura (se me pagarem bem, prometo errar como todos os outros), mas desconfio que Moro não decolará. Ele também desconfia. Na dúvida, faz previsões catastróficas.

Transforma sua raquítica eloquência em gorda chantagem e antecipa, sem rubor nas faces, que “eleger Lula ou Bolsonaro será suicídio”. De suicídio ele entende.

Não faz muito tempo, salvo engano, participou ativamente do suicídio nas urnas. Fez o que pode para dar ares de legitimidade à campanha de um neofascista.

Os ladrilhos da rua sabiam: Bolsonaro eleito, Moro ministro. Não deu outra.

Ficou tempo suficiente para fingir que os absurdos não eram com ele e, quando achou conveniente, saiu como vítima. No canibalismo ideológico do governo, acreditou que engoliria, mas foi engolido.

Agora Moro quer fisgar (fisgará) os votos não de bolsonaristas arrependidos, mas de bolsonaristas frustrados. Há uma (grande e ética) diferença.

Quem de fato se arrepende de ter votado em Bolsonaro, suspeita de qualquer um que tenha integrado seu governo – ou que o tenha apoiado por tempo demais. Quase três semestres inteiros é tempo demais.

O eleitor de Sérgio Moro não será aquele que se envergonha de ter votado no Bolsonaro, mas aquele para quem Bolsonaro não foi Bolsonaro o bastante. Orgulhoso de seus erros, quer tentar outra vez.

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