Na transmissão extraoficial da última quinta-feira, Jair Bolsonaro declarou que pedirá, “extraoficialmente”, os nomes dos técnicos da Anvisa que aprovaram a liberação da vacina contra a covid para as crianças.
Repitamos: um presidente da República promete perseguir (é disso que se trata) técnicos de uma agência do Estado por discordar de sua decisão.
Dois anos e 600 mil mortos depois, com todos os resultados à disposição, Bolsonaro insiste em negar a eficácia e a segurança das vacinas. Com base em quê? Em rigorosamente nada. O negacionismo se traveste em preocupação sanitária.
Ele sabe que, extraoficialmente, seu desgoverno já acabou faz tempo. Falta apenas o anúncio oficial. Demitiu todos os nomes que já foram considerados técnicos, admitiu todos os nomes considerados fisiológicos e encerrou qualquer veleidade programática.
Como não tem o que fazer – quer dizer: tem, mas não faz –, se ocupa de escrever novos episódios neste seriado já com temporadas demais e interesse de menos.
Quem cuidaria da Saúde promove a morte. Quem cuidaria da Cultura não usa o polegar opositor. Quem cuidaria da Economia desconhece as contas públicas. Quem cuidaria do Meio Ambiente queima o que restou. Quem cuidaria da Educação é analfabeto.
O governo em si mesmo é extraoficial. Da campanha à posse, da posse à entrega da faixa, o Brasil tenta e tentará sobreviver a um mandato clandestino em todos os ministérios, secretarias, autarquias e segundas intenções.
Um mandato jogo-de-azar.