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Houve fraude eleitoral

Às vezes é preciso admitir mesmo o que não parece conveniente. As eleições de 2022 foram republicanas? Não foram republicanas. Basta um olhar minimamente atento e livre de vieses, basta uma reflexão suficientemente demorada e alheia a fanatismos, para que cheguemos à conclusão inescapável: houve sim fraude eleitoral.

No varejo das empresas e prefeituras,  no atacado dos governos estaduais e federal, da PEC Kamikaze à chantagem de patrões, a quadrilha Bolsonaro fez o que pode, o que não pode e o que nunca poderia ter feito para manipular as eleições e mudar seu resultado.

Nos dias seguintes à conclusão do pleito, aliás deliberadamente atrapalhado pela PRF, os relatos de compra de votos e ameaças se avolumam. Que a política brasileira não seja conhecida por sua lisura, é uma coisa; que uma disputa importante tenha sido tão sabotada pela máquina estatal, é outra.

Enquanto os sovietes bolsonaristas bloqueiam estradas e rodovias com o democrático intuito de acabar com a democracia, Caco Barcellos faz o trabalho corajoso de investigar a prática do voto de cabresto no Brasil profundo.

No Profissão Repórter, ele e sua equipe revelam um esquema de compra de votos por meio do Auxílio Brasil e de caixinha para participar de reuniões comunitárias, na cidade de Coronel Sapucaia, em Mato Grosso do Sul. Ele vai ao local, faz perguntas inconvenientes e descobre, por meio do testemunho de uma jovem, que aquilo é mesmo o que parecia: compra de votos para Jair Bolsonaro, liderada pelo prefeito da cidade .

Quem assiste percebe o medo estampado na cara dos moradores do pequeno município, mais do que coniventes, sobreviventes, em meio a um jeito criminoso de se fazer campanha eleitoral. Todos ali têm necessidades e preocupações. Seu voto é só a moeda para trocar por algum auxílio e alguma segurança.

Sei bem que isso acontece em todos os grandes e pequenos municípios, em alguma medida. Outros partidos e candidatos promovem ou se beneficiam disso. Mas quem hoje é governo, quem hoje tem o Estado à sua disposição, é Bolsonaro. Não foram eleições limpas. Houve fraude. Não fosse a fraude, Bolsonaro teria perdido com uma margem ainda maior de diferença. Não vê que não quer.

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