em Alckmin, Bolsonaro, Brasil, Economia

Make politics boring again

Sim, eu sei, a transação, minto, a transição de um governo a outro está bem movimentada. Gente não muito recomendável entrando e saindo, toda hora uma novidade e nem toda hora uma novidade boa.

Mas, convenhamos, nossa exigência era baixa. Por enquanto, apreciemos o prazer civilizatório da normalidade. Porque antes, num antes que foi agora há pouco, qualquer dia em que o ex-presidente em exercício (no caso, em falta de exercício) não proferia despautérios, era um dia bom. O sol brilhava, o céu abria, o vento ventava.

Repito: um dia em que Bolsonaro não proferia despautérios virava manchete no dia seguinte: “Presidente faz pronunciamento moderado e…”…e não precisava muito para que considerássemos o pronunciamento moderado. Bastava não rir dos mortos, não xingar os gays, não ofender os negros, não prometer que destruiria tudo de uma vez.

Pois agora, com Geraldo Alckmin escandindo sílabas como um poeta do desencantamento burocrático, tenho ficado um pouquinho emocionado. Quase feliz.

Há muitos problemas a discutir, e discutiremos juntos daqui pra frente, mas que bom discutir problemas de governo, de política, de economia, coisas reconhecíveis a olho nu, e não os óvnis ideológicos misturados ao desvario moral do mandato de Jair Bolsonaro.

A política tem de ser escrita com inicial minúscula, e deve nos incomodar na medida em que incomoda ordinariamente. Política tem que ser uma coisa chata, chatinha, mas nunca extraordinária.

Política razoável é aquela que tem o tom, o timbre, o volume de um discurso do Geraldo Alckmin.

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