em Bolsonaro, Brasil

Quem cala consente

Já se passaram muitas horas desde que a maioria do eleitorado resolveu por fim ao estapafúrdio mandato de Jair Messias Bolsonaro. Ele permanece encastelado na residência oficial sem agenda determinada nem atuação determinante.

Com muito custo, deu o ar de sua desgraça e apareceu em público durante brevíssimos 2 minutos para declarar ao povo que não tinha nada a declarar. Não reconheceu oficialmente a derrota, não cumprimentou o adversário, não nos contou dos seus planos.

Voltou ao silêncio obsequioso que impôs a si mesmo, num curioso isolamento social voluntário cuja eficácia negou durante a crise sanitária que matou milhares de pessoas no país milhões no mundo.

Eu seria o primeiro a comemorar o isolamento e o silêncio se tais atos não representassem a multidão e a gritaria. Com sua atitude – ou melhor, com sua falta de atitude – Bolsonaro lava as mãos e legitima os movimentos golpistas que tomam conta do país. Para bom manifestante, meio silêncio basta.

Depois do pronunciamento em que não pronunciou coisa alguma, o destemido e futuro ex-presidente convocou os ministros do Supremo Tribunal Federal para uma conversa privada.

De acordo com apuração de jornalistas próximos do Planalto, Jair Bolsonaro tenta negociar sua saída sem sofrer perseguição. Ora, por que um presidente, que tão somente perdeu uma eleição legítima, deveria se preocupar com isso?

Resposta simples: porque sabe que cometeu crimes, sabe que será cobrado por eles, sabe que não terá nem caneta nem exército à sua disposição. Bolsonaro, em vez de reconhecer a derrota, negocia a rendição. Coisa de bandido. E bandido bom é bandido o que, mesmo? Pro meu gosto cívico, preso.

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