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Pororoca ideológica

Em Portugal, o arranjo entre partidos e grupos de esquerda que governa o país foi chamado de geringonça. No Brasil, a aproximação entre Lula e Alckmin é uma tremenda gambiarra.

Compreende-se o estranhamento que essa pororoca ideológica tem causado nos eleitores dos respectivos interessados.

Para a direita, Lula é um corrupto imperdoável. Para a esquerda, Alckmin é um fascista imperdoável. Pelo jeito, ambos terão de perdoar ou fingir que não era bem isso o que diziam um do outro e o outro do um.

O que penso disso?

Penso que, para além do valor político ou programático da cumplicidade, há o valor pragmático e estratégico da aliança.

O governo Bolsonaro é uma aberração humanitária. Repito e reforço: o governo Bolsonaro é uma aberração humanitária e provável assunto para o tribunal de Haia nos próximos anos.

Aberração tamanha, e tão escandalosa, que explica, justifica e torna possível qualquer composição que se lhe oponha.

Haveria outras opções? Em tese, sim. Mas, a menos de um ano das urnas, as opções insistem em ficar fora delas. Sérgio Moro é a segunda via do bolsonarismo. João Doria é a terceira via de ninguém. Ciro Gomes já faz tempo que é uma via sem saída.

Goste-se, desgoste-se, pouco importa. Me parece ocioso analisar a chapa Lula-Alckmin com os critérios de 2018 ou de antes.

Princípios, ideias e ideais esmaecem diante do perigo que um segundo mandato de Bolsonaro representaria ao país.

Não julgo; constato.

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