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Se eu quiser falar com Deus

Na última quinta-feira, Gilberto Gil e sua mulher, a empresária e diretora Flora Gil, foram hostilizados por representantes da milícia ideológica de Jair Bolsonaro, no estádio Lusail, onde jogaram Brasil e Sérvia.

Aos gritos de “Lei Rouanet!” e “filho da puta!”, os pterodáctilos  da moral e dos bons costumes provaram, mais uma vez, que o bolsonarismo não pode ser tratado como opção política ou ideológica legítima.

Não é à toa que os movimentos golpistas, embora esvaziados ante o silêncio covarde de seu inspirador, continuem a fechar ruas e estradas por todo o país. A intenção da militância não é obter efeitos concretos, mas inviabilizar a normalidade cívica.

Dias atrás, um amigo reclamou comigo: “Se não há comprovação de fraude nas urnas, o que mais eles querem?” Eles querem apenas isso: instabilidade política e estresse democrático. A extrema-direita não tem ideias nem ideais. Só tem som e fúria.

O ataque grosseiro e indesculpável a um dos maiores artistas do país – um homem particularmente doce e pacífico – é o tipo de coisa que sabem fazer e farão daqui pra frente. A linha entre o insulto e o atentado é tênue.

Em nome do falso Messias em quem acreditam, fazem deste país um inferno para os que, como nós, professamos outra fé. Se eu quiser falar com Deus, falarei com a voz de Gil ao fundo.

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