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Um dia que durou quatro anos

Mais ou menos às 14h da sexta-feira, o longo dia 28 de outubro de 2018 finalmente acabou. Jair Bolsonaro fugiu para os EUA, onde ficará por tempo indeterminado, preocupado com a polícia e despreocupado com os fiéis que voltam às sobras de vida que lhes restaram.

Sim, reitero: o que acabou não foi o ano de 2022, mas o dia 28 de outubro de 2018, quando o povo brasileiro – “democraticamente”, diria Marina Silva – elegeu o maior inimigo da democracia desde a ditadura militar.

Como se atuássemos numa versão perversa de Groundhog Day, foram quatros anos indiscerníveis entre si, em que a sucessão de escândalos transformou tudo num presente imóvel, pegajoso e sombrio.

A toxidade ideológica desse arremedo de governo ficará grudada à pele do Brasil por mais tempo. Não há vape constitucional que limpe de uma hora para outra tanta sujeira institucional. Mas temos, acredito, motivos para comemorar.

O que será do governo Lula? É a pergunta incômoda que sobrou de uma resposta inapelável: do jeito que estava não podia continuar. Mais uma chance para Bolsonaro significaria nenhuma outra chance para o país.

Quero ter a oportunidade de errar de novo. De errar melhor. Quem sabe, até de acertar. Isso é a democracia funcionando direito. Não é o paraíso, pecadores continuarão a cometer pecados, mas é longe o bastante do inferno.

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