Em 1789, preocupado com o incômodo que os filhos geravam aos pais e com a pobreza que oprimia o país, o irlandês Jonathan Swift publicou A Modest Proposal, solução modesta mas bastante eficaz: que os trabalhadores pobres abatessem seus filhos e vendessem suas carnes aos homens ricos.
Desse modo, teríamos alimento para os ricos, dinheiro para os pobres e nenhuma criança faminta e desamparada nas ruas.
Mal sabia ele que, com as devidas adaptações, sua proposta faria ainda mais sentido muitos anos depois, num certo país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza.
Em 2021, na cidade de Borba, a 149 quilômetros de Manaus, um evento atraiu a atenção do distinto público: Simão Peixoto, prefeito, e Erineu Alves da Silva, ex-vereador, concordaram em resolver suas desavenças no octógono. Deixaram de lado a retórica, mandaram às favas o debate e organizaram um combate de MMA.
A luta durou três rounds e a crônica registra que o vencedor foi o prefeito. Finda a disputa, abraçaram-se e foram embora na mais santa e democrática paz.
Dou aqui minha contribuição à ciência política ou, mais precisamente, à ciência da briga política, e proponho: que organizemos, em todos os estados da Federação, em todos os municípios dos estados, em todos os bairros dos municípios, em todas as esquinas dos bairros, democráticas e civilizadas “rinhas de políticos”.
Há polarização? Resolvamos a polarização colocando os polos para conversar. Minto: para brigar.
Teremos regras, imparcialidade e devido processo legal (Sergio Moro não participa). Pra quê eleições, meio dificultoso e incerto de equacionar diferenças, quando temos a rinha, prática antiga e infelizmente destinada a galos, cães e outros bichos inocentes?
Faço a proposta. Modesta, mas já é alguma coisa.